Entre os dias 5 e 8 de julho, a Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte, recebeu a 7ª Feira de Agricultura Familiar de Minas Gerais (Agriminas).
E o Guia Instinto Verde esteve lá para conferir!…
por Diana e João
O evento teve dois grandes objetivos. O primeiro foi colocar pequenos produtores a par das inovações no campo e em contato com o mercado consumidor, além de articular cooperativas de diversas regiões do estado de Minas Gerais. O segundo foi atrair e oferecer essa rica produção (nem sempre valorizada) para moradores da capital. A equipe da Agriminas estima que 50 mil pessoas tenham passado pelo local nos quatro dias da feira, que também promoveu palestras de capacitação para agricultores e shows de músicas regionais. Mas o destaque mesmo foi poder conhecer e comprar produtos trazidos de várias regiões, comunidades e associações.
Logo na entrada da feira, muitas barracas ofereciam quitutes mineiros de encher as vistas: beju, tapioca, pão de queijo recheado, rapadura, bolachinhas diversas e mais um bocado de gostosuras. Além da culinária, o norte de Minas estava muito bem representado pelas famosas cachaças (a degustação foi muito bem apreciada pelos repórteres do blog).
Uma das muitas marcas de cachaças que puderam ser degustadas e compradas durante a Agriminas
Barraquinha de biscoitos trazidos do Jequitinhonha
Barraca de tapioca de Rio Pardo de Minas
Doce de leite, licores e biscoitos de Senhora de Oliveira
Outro ponto positivo foi a possibilidade de interagir e prosear com esses produtores, verdadeiros guardiões de ensinamentos e modos de vidas transmitidos por muitas gerações. Andando pelos corredores, conhecemos Valter Soares, da Comunidade Caldeirão (Itinga). Por iniciativa própria, ele começou a fazer há muitos anos um banco de sementes de plantas da região ameaçadas de extinção. Como nos contou, certa vez foram a sua casa e lhe ofereceram R$ 15 mil pelas sementes. Seguro do valor do que faz, ele não só negou como devolveu para visitante importuno: “Pode levar suas pratas porque isto aqui é o meu ouro”. Hoje, toda a comunidade ajuda na formação do banco de sementes, que já conta com um imenso galpão.
Seu Valter Soares, de Itinga, mostrando e vendendo as suas sementes
Fotos da criação do banco de sementes de Itinga pela comunidade Caldeirão
E para representar iniciativas como essa e trabalhos de artesanato à culinária, muitas outras cidades estavam lá para dar sua contribuição e comercializar seus produtos, como Almenara, Paracatu, Rio Pardo de Minas, Virgem da Lapa, Capela Nova, Muzambinho, Alfenas, Itaúna…
Cabaças e pimentas trazidas de Paracatu
Patchwork das mulheres de Almenara
O tear de Muzambinho
Queijos e sorvetes feitos com leite de cabra por produtores de Alfenas
Mudas de hortaliças também foram vendidas durante a feira
Olha a Diana mostrando o artesanato em madeira de Itaúna
Apesar de a feira ser voltada para a agricultura sustentável e, principalmente, familiar, o Guia Instinto Verde sentiu falta de estandes que mostrassem e valorizassem a produção de orgânicos. No dia da visita que fizemos à feira, apenas um estande mostrava e vendia café orgânico de Piedade das Gerais, sul de Minas.
O delicioso café orgânico produzido no sul de Minas
- O olhar do blog:
O Guia Instinto Verde aprovou e achou valiosa a iniciativa de reunir comunidades e famílias de produtores. Muito provavelmente, quem passou por ali não tem contato direto com trabalhos que carregam valores e técnicas em desuso nesta época de produção em larga escala – que tirou muitas famílias do campo, deixando-as em condição de pobreza nas cidades, e diminuiu radicalmente a qualidade daquilo que chega às nossas casas.
Portanto, para garantir a qualidade de vida do nosso presente e futuro, o primeiro passo é simples: repensar a relação que temos com o campo e buscar as lições que vêm dali, como a simplicidade, o respeito e trabalho em comunidade..
Inté!